E se Deus te presentear com a derrota?

Por André Sanches

Hoje vemos muitos dando uma grande ênfase na vitória como sendo um referencial perfeito para indicar as pessoas que servem a Deus de verdade e são abençoadas por Ele. Os vencedores são os abençoados, não os perdedores. Os ricos são os abençoados, não os pobres. A fé vencedora é dos que venceram situações e não dos que perderam. O problema é que o referencial humano sobre a vitória está bem longe do referencial que Deus tem dela. É evidente que o Senhor é um Deus que dá a vitória aos seus filhos, mas a plenitude da Sua ação não se dá apenas em ambientes onde o ser humano enxerga a vitória.

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego estavam diante do tirano rei da Babilônia, Nabucodonosor. Esse rei, loucamente, manda construir uma imagem para que todos a adorassem. Esses três desobedeceram a ordem e foram chamados para uma conversa particular com o rei. A resposta desses jovens ao rei é que nos mostra algo surpreendente sobre a vitória:

“Se formos atirados na fornalha em chamas, o Deus a quem prestamos culto pode livrar-nos, e ele nos livrará das suas mãos, ó rei. Mas, se ele não nos livrar, saiba, ó rei, que não prestaremos culto aos seus deuses nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer” (Dn 3:17-18 – NVI).

O que chama a atenção é que esses jovens criam que Deus tinha a escolha de livrá-los ou não. Essa atitude deles não era uma atitude de covardia ou de resignação, mas de fé plena em Deus acontecesse o que acontecesse. Se eles morressem queimados, morreriam em obediência e pleno exercício de sua fé. Humanamente, talvez seriam chamados de derrotados, mas espiritualmente seriam vitoriosos. Eles não viam na vitória a base de sua fé, mas apenas no cumprimento da vontade de Deus, seja ela qual fosse. Eles confiavam na direção do Pai em todas as situações.

Assim, as circunstâncias não tinham o poder de destruir a fé deles. A vitória era bem vinda, mas se fossem derrotados (humanamente falando), mesmo assim morreriam exercendo plenamente a obediência à vontade do Pai e, portanto, seriam vitoriosos diante de Deus.

Agora, a questão é nossa: E se acontecer a nossa derrota? Continuaremos firme na fé em Deus? Estamos dispostos a exercer a fé seja no “sim” seja no “não”?

A vitória verdadeira está em, através da nossa vida, o nome de Deus ser glorificado! E isso pode acontecer na nossa vitória ou na nossa derrota!

Creia em todas as situações!

Geração que dança, e daí?



“E seremos a geração que dança. E seremos a geração que canta.” E daí? Grande coisa. Vamos ser honestos, quem sonhava com isso? Eu não. Sei lá, mas eu sonhava com algo tipo missões, ganhar almas, marcar minha geração, morrer pelo evangelho. Pode me chamar de José se quiser, o sonhador, não me importo, pois não coloco muito valor na palavra, ou melhor, na crítica de alguém que depois de muitos anos ainda está tentando pular como um coelho nas conferências realizando seu sonho de ser a geração que canta e dança. Deus me livre!

Eu acho que a coisa que mais me irrita hoje, além do lixo sendo pregado nos púlpitos, é que foi isso que nós vendemos para uma geração; uma geração que está agora casada, barriguda, e que nem dança mais, pois tem medo de enfartar. Caraca, o que aconteceu? Onde nós erramos? Era tanto potencial e disposição e agora é “comunhão na casa de Fulano”.

Quando era para enviarmos eles, nós seguramos, pois queríamos o grupo maior da cidade.
Eles queriam ser missionários, então ensinávamos umas peças, pintávamos seus rostos e os levavámos para a praça mais perto para que pudessem ser completamente humilhados e nunca falar de missões de novo. Só pra saber, “Aquilo era missões?”.

E agora tem entrado uma nova geração e nós estamos cometendo os mesmos erros e pecados. Quando olhamos para os jovens da igreja, é obvio que temos falhado em capturar seus corações e imaginações. Nós temos falhado em dar a eles uma razão de viver, uma causa pelo que dar as suas vidas. Nós temos falhado em mostrar algo a eles tão importante que vale a pena morrer por ele.

Quando você olha nos seus olhos não há fogo, não há vida. Vida para eles é quatro horas na frente do computador batendo papo com seus amigos virtuais. Mas eles não têm nada que queima no coração deles, que lhes façam sair da cama de manhã, que lhes possua. Eles não têm nada pelo que viver e bem menos nada pelo que morrer.

Nós falávamos para eles que Deus queria usá-los e depois os fechamos em prédios com bandas, pizza e luzes coloridas para gastar a noite dançando e cantando enquanto o mundo lá fora está passando fome, morrendo e indo para o inferno. Será que era a isso que estávamos referindo quando falávamos que “Deus queria usá-los”? Será que não tem mais? E se eles mostram uma preocupação com aqueles fora da “terra protegida”, nós falamos que não são preparados, que sua hora vai chegar. Por enquanto, é festa e alegria. Pegue mais um pedaço de pizza.

Nós falávamos para eles que podiam mudar o mundo enquanto eles nem sabem como mudar as suas próprias vidas. E em vez de confrontá-los pela maneira que vivem e seus valores, nós mudamos a estrutura da igreja para acomodá-los. Nós criamos “namoro santo” e colocamos “play stations” na sala de oração. Mas, não muito tempo depois, a nossa estrutura não os satisfazia mais. Em vez de treiná-los, nós os temos entretido. Em vez de desafiá-los, nós os acomodávamos e acabávamos frustrando-os e perdendo-os, pois a verdade é que não era isso que eles queriam.

Cada geração precisa de uma bandeira pra levantar, uma causa pra abraçar, algo para dar as suas vidas, mas em algum lugar no caminho somente Jesus e a salvação deixaram de ser suficientes. Somente alcançar os perdidos parecia ser algo comum demais. Então, nós começamos falar em milagres e mortos ressuscitando. Nós tentamos criar coisas melhores, mais barulhentas, mais animadas, projetos que íam no fim fazer nada mais do que ocupar seu tempo e os fazer pensar que estavam fazendo algo enquanto não estavam realizando nada. Nós críamos uma geração que canta e dança, mas não faz nada mais do que isso, e eles sabem disso. Ninguém foi enganado e eles ainda estão tentando se descobrir e achar seu propósito, sua razão de viver, e morrer.

Preguiçoso, desinteressado, não produtivo: termos que muito bem podem ser usados para descrever essa geração que uma vez tinha esperança em ser usada e marcar o mundo. Mas, por quê? Por que nós não demos nada pra eles fazerem de verdade. E vamos ser honestos, esperar é ruim. É agora ou nunca. Nós os desafiamos agora, nós os treinamos agora, nós investimos neles agora, ou nós os perdemos para sempre.

• 75% dessa geração estão deixando a igreja para não voltar mais.

Considere isso uma carta de um velho que chora para a juventude, que lamenta tanto potencial perdido, que quer pedir seu perdão.

Pr. Jeff (Via Geração Benjamim)

Um choro pela frouxidão da igreja.

Em decepção profunda, chorei pela frouxidão da igreja. Mas estejam certos de que minhas lágrimas foram lágrimas de amor. Não pode existir decepção profunda onde não existe amor profundo. Sim, amo a igreja. Como poderia não amar? Estou na posição um tanto singular de filho, neto e bisneto de pregadores. Sim, vejo a igreja como o corpo de Cristo. Mas, oh!, como maculamos e deixamos cicatrizes nesse corpo por meio da negligência social e por meio do medo de sermos não-conformistas.

Houve um tempo em que a igreja era bastante poderosa – no tempo em que os primeiros cristãos regozijavam-se por ser considerados dignos de ter sofrido por aquilo em que acreditavam. Naqueles dias, a igreja não era apenas um termômetro que registrava as idéias e princípios da opinião pública; era um termostato que transformava os costumes da sociedade.

Quando os primeiros cristãos entravam em uma cidade, as pessoas no poder ficavam transtornadas e imediatamente buscavam condenar os cristãos por serem “perturbadores da paz” e “forasteiros agitadores”. Mas os cristãos prosseguiam, com a convicção de que eram “uma colônia do céu”, que devia obediência a Deus e não ao homem. Pequenos em número, eram grandes em compromisso. Eles eram intoxicados demais por Deus para serem “astronomicamente intimidados”. Com seu esforço e exemplo, puseram um fim em maldades antigas como o infanticídio e duelos de gladiadores. As coisas são diferentes agora. Com tanta frequência a igreja contemporânea é uma voz fraca, ineficaz com um som incerto. Com tanta frequência é uma arquidefensora do status quo. Longe de se sentir transtornada pela presença da igreja, a estrutura do poder da comunidade normal é confortada pela sanção silenciosa – e com frequência sonora – da igreja das coisas tais como são.

Mas o julgamento de Deus pesa sobre a igreja como nunca pesou. Se a igreja atual não recuperar o espírito de sacrifício da igreja primitiva, perderá sua autenticidade, será privada da lealdade de milhões e será descartada como um clube social irrelevante com nenhum significado para o século XX. Todos os dias, encontro pessoas jovens cuja decepção com a igreja tornou-se uma repugnância absoluta.

Talvez tenha sido mais uma vez otimista demais. Estará a religião organizada ligada inextricavelmente demais ao status quo para salvar o país e o mundo? Talvez deva dirigir minha fé à igreja interior, espiritual, a igreja dentro da igreja, como a verdadeira ekklesia e a esperança do mundo. Mas, de novo, sou grato a Deus por algumas almas nobres das fileiras da igreja organizada terem rompido as correntes paralisantes do conformismo e unido-se a nós como parceiros ativos na luta pela liberdade (...) Alguns foram expulsos de suas igrejas, perderam o apoio de seus bispos e colegas sacerdotes. Mas agiram com a fé de que o bem derrotado é mais forte do que o mal triunfante. Sua testemunha tem sido o sal espiritual que tem preservado o verdadeiro significado do evangelho nesses tempos turbulentos. Eles cavaram um túnel de esperança através da montanha negra da decepção. Espero que a igreja como um todo enfrente o desafio nessa hora decisiva. Mas mesmo que a igreja não venha ajudar a justiça, não perco a esperança no futuro.


Carta de Martin Luther King, Jr. escrita enquanto estava preso em Birmingham.

O bebê crente e o bebê ateu!

Por Júlia Lainetti

No ventre de uma mulher grávida, dois bebês estão tendo uma conversa. Um deles é crente e outro ateu.
O Ateu: Você acredita na vida após o nascimento?
O Crente: Claro que sim. Todo mundo sabe que existe vida após o nascimento. Nós estamos aqui para crescer fortes o suficiente e nos preparar para o que nos espera depois.
O Ateu: Bobagem! Não pode haver vida após o nascimento! Você pode imaginar como seria essa vida?
O Crente: Eu não sei todos os detalhes, mas acredito que exista mais luz, e talvez a gente caminhe e se alimente lá.
O Ateu: Besteira! É impossível andarmos e nos alimentarmos! É ridículo! Nós temos o cordão umbilical que nos alimenta. Eu só quero mostrar isso para você: a vida após o nascimento não pode existir, porque a nossa vida, o cordão, já é demasiado curta.
O Crente: Eu estou certo de que é possível. Ela será um pouco diferente. Eu posso imaginá-la.
O Ateu: Mas não há ninguém que tenha voltado de lá! A vida simplesmente acaba com o nascimento. E, francamente, a vida é apenas um grande sofrimento no escuro.
O Crente: Não, não! Eu não sei como a vida após o nascimento será exatamente, mas em todo caso, nós encontraremos nossa mãe e ela cuidará de nós!
O Ateu: Mãe? Você acha que tem uma mãe? Então, onde ela está?
O Crente: Ela está em toda parte à nossa volta, e nós estamos nela! Nós nos movemos por causa dela e graças a ela, nós nos movemos e vivemos! Sem ela, nós não existiríamos .
O Ateu: Bobagem! Eu não vi nenhuma mãe semelhante; portanto, não existe nenhuma.
O Crente: Eu não posso concordar com você. Na verdade, às vezes, quando tudo se acalma, nós podemos ouvi-la cantar e sentir como ela acaricia o nosso mundo. Eu acredito fortemente que a nossa vida real começará somente após o nascimento. Eu creio!

O Envenenangelho!














Cansei de ser “evangélico”! Sei que está em moda dizer isto, mas não digo por causa da moda, como quem vai sendo manobrado como massa, mas sim por causa do nó na garganta mesmo, do aperto no peito e da triste constatação do imenso engano que cegou a igreja evangélica espalhada por todos os lados. Graças a Deus nunca fui “gospel”, mas ser “evangélico” não diz mais o que deveria dizer e não representa tudo o que Deus me chamou para ser Nele em amor e Graça e que está para muito além das portas das igrejas [com “i” minúsculo]. Meu lugar, e o convite que recebi, é para ser do Reino e deste privilégio não abro mão.

O que digo certamente será combatido pelos “santos”, pelos “homens de ‘deus’”, por “pastores” e “gente da visão”. Serei chamado de “perturbador da fé”, “insubordinado”, “sem fé”, “sem aliança”, “sem cobertura”, dirão que estou causando escândalo ou coisas semelhantes a estas, mas assumo o que estou dizendo com a convicção de quem não vai pular do barco naufragando, mas que tem a vontade firme na rocha de ganhar a quantos conseguir, dentro e fora do barco, com minha pregação simples, sem arranjos, sem perversão e o mais sincera/verdadeira possível.

Estou enojado e farto de Atos [feiticeiramente] Proféticos, Teo-loteria da Prosperidade, declarações esquizofrênicas de autoridade, coberturas espirituais e recados dados por um “deus” que nunca cumpre o que promete e muda de idéia e direção como quem troca de sapato. Apóstolos, pastores e bispos que subiram no pináculo do templo e se fazem mediadores entre “deus” e os homens tentando fazer-se iguais a Deus, dizendo o que seu rebanho pode ou não pode fazer, julgando o servo alheio, sob a pena de não ordenar mais a bênção de “deus” aos seus discípulos através de sua autoridade. Campanhas de promoção barata e tentativas algemadas de lotar templos com gente que vem enganada e enganando-se, tentando frustradamente, de todos os jeitos, alcançar a inalcançável oração para a qual Deus não disse “amém”, mas que o “profeta” declarou que aconteceria. É gente que lê e ouve o Evangelho, mas leva pra casa e para o coração o envenenangelho.

Há lugar firme na rocha! Mas estes loucos teimam em construir suas casas/templos na areia. Negaram a cruz, afirmando não haver nela salvação suficiente, inventando quebras humanas de maldições hereditárias e uma santidade apenas moral/sexual/farisaica, sem ética e sem caráter, sem verdade de vida no Evangelho. Não crêem que a armadura de Deus, o capacete da salvação, o escudo da fé, a couraça da justiça, o cinturão da verdade e o calçado do evangelho da paz são equipamentos dados gratuitamente a todos os que crêem, até mesmo aos mais pequeninos na fé e não somente a uma “elite sacerdotal” detentora de uma “revelação nova”.

Denuncio estes lobos enganadores, raça de víboras, envenenadores do Evangelho que, não se contentando em mudar apenas uma vírgula ou til da revelação, perverteram todo o sentido da Palavra, ensinando doutrinas perversas que nada tem a ver com o Caminho/Boa Nova anunciada em Jesus, o Filho de Deus.

Não creio, de modo algum, em um “deus” que só age ou me livra do mau/mal se eu orar/verbalizar/declarar/profetizar meu pedido. Eu creio em um Deus que ouve minhas orações, sim! Todas elas. Muito antes delas me virem aos lábios. Ele me livra de vales da sombra da morte que eu nem imagino que se levantaram contra mim e vou andando em fé.

Meu Deus não se apresenta em “shows da fé”, não faz politicagem, não dá “jeitinho”, não me abençoa só porque sou fiel, mas em Graça e amor me reconciliou com Ele, sem merecimento algum, sem justiça própria, mas justificado mediante a fé Naquele que por mim se entregou mesmo sendo eu um pecador.

Os cantores de Deus não estão nos palcos das TVs, não lotam auditórios, nem ginásios, não são performáticos, mas estão cantando e louvando a Deus dentro das prisões, no silêncio do seu quarto louvando somente a Deus. Não buscam seu próprio interesse de vender mais CDs, não são idólatras de sua própria imagem.

É triste ver tantos amigos, colegas de ministério, gente querida e de Deus, mas que estão fascinados e tentados pela possibilidade de transformar as pedras em pães, de jogar-se do pináculo do templo e venderem suas almas ao principado deste século de sucesso, holofotes e aplausos. Minha oração é para que estes se arrependam e creiam no Evangelho. Abandonem o envenenangelho pregado por interesses pessoais, medidos em números e não na verdade de Deus produzida em amor. Por favor voltem ao Evangelho!

Há um lugar de liberdade e vida pacificada, plenificada, renovada todos os dias. Sem trocas, sem barganha, sem modificar ou acrescentar nada à Palavra revelada em Jesus, nem mesmo as novas interpretações e revelações exclusivíssimas que alguns falsos mestres e falsos apóstolos dizem ter recebido. O caminho antigo ainda é o Novo e Vivo Caminho em Deus. O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo é nossa garantia irrevogável que [todas] as nossas maldições e dores foram levadas sobre Ele. Está dito! Está escrito! Quem ouvirá? Quem vai crer em nossa pregação?


O Deus que disse “arrependam-se e creiam no Evangelho” te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!



Pablo Massolar via Ovelha Magra

Quando o céu já não pode esperar

Onde é que Paulo estava com a cabeça quando afirmou que para ele a morte era lucro (Fp.1:21)? Parece não conseguiu convencer muita gente! Para a maioria dos que se dizem cristãos a morte continua sendo um bichão papão, um inimigo invencível, o maior de todos os prejuízos. Como já disseram por aí, todo mundo quer ir pro céu, mas ninguém tem pressa. 

Recentemente noticiou-se que um presbítero de 87 anos faleceu em pleno culto após ter pregado um sermão em que enfatizou que Jesus é a ressurreição e a vida. Ironicamente, enquanto a igreja cantava o refrão de um louvor que dizia “Chegou a sua hora”, o velho guerreiro deu seu último suspiro e partiu para a eternidade. Segundo o pastor daquela igreja, aquele era o ‘sonho de consumo’ do ancião. Deus cumpriu o seu desejo ao tomá-lo durante o culto. Por saber disso, a igreja reagiu surpreendentemente, glorificando a Deus em vez de lamentar a partida do veterano presbítero. 

Tal ocorrido me lembrou de meu velho pai, que costumava dizer que seu sonho era morrer enquanto pregava. Em vez disso, Deus o tomou enquanto dormia. Minha mãe, ao levantar-se pela manhã, flagrou-o deitado de braços e olhos abertos, esboçando um sorriso discreto, e achando que estava brincando, tentou acordá-lo inutilmente. Deus o tomara para Si. Se o que Jesus disse deve ser levado a sério, não foi a morte que meu pai viu, mas a face do Filho de Deus (Jo.8:51). Por isso o semblante dócil em lugar de pavor. 

Outro caso digno de ser registrado é do pastor e cantor Moysés Malafaia, que no dia 18/07/2007, com 40 anos, foi tomado subitamente pelo Senhor enquanto pregava diante de 2 mil pessoas numa igreja do subúrbio carioca. Sua última palavra: ALELUIA! O lema de sua vida foi provado diante de uma multidão: ADORAREI ENQUANTO EU EXISTIR E FÔLEGO HOUVER EM MIM. Ele partiu adorando e deixando sua vida se gastar até a morte pelo evangelho do Reino de nosso Deus, sem clamar ou pedir por ajuda. No último fôlego que lhe restou, adorou a Deus!
Que outra reação deveríamos ter diante da morte? 

Gosto de ler o deboche de Paulo: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó morte, a tua vitória?” (1 Co.15:55). O último inimigo da raça humana foi vencido, e chegará o dia em que finalmente será destruído (v.26).

Por isso, não há o que temer! Não há uma figura fantasmagórica de foice nas mãos à nossa espera na próxima curva. Não importa em que condições partiremos, se durante um culto, num leito ou num acidente automobilístico. Fecharemos os olhos aqui e abriremos na glória eterna, cara a cara com Aquele por cuja graça fomos alcançados. Através de Sua morte, Cristo aniquilou o que tinha o império da morte, isto é, o diabo, libertando assim a todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à escravidão (Hb.2:14-15).

O mundo não pode entender nossa postura diante da morte, porque não conhece o Autor da Vida. Muitos pasmaram diante da reação de dois pastores vítimas de um acidente envolvendo sete veículos na Rodovia do Contorno, trecho da BR 101 que liga Serra a Cariacica no Espírito Santo.

Testemunhas do episódio contam que os pastores Nelson Palmeiras e João Valadão, ainda com vida e presos nas ferragens, em meio a um mar de sangue que os envolvia, começaram a cantar um hino que dizia:

Mais perto
Quero estar meu Deus de ti!
Ainda que seja a dor
Que me una a ti,
Sempre hei de suplicar
Mais perto
Quero estar meu Deus de ti!

Foi esta mesma canção que os membros da banda que estava a bordo do Titanic entoaram enquanto o navio afundava.

“Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos!” (Sl.116:15). Deus não é sádico! Ele não Se deleita em show de horreres, em banho de sangue. Mas nada Lhe compraz mais do que a postura dos santos perante a morte. 

Para quem está em Cristo, morrer não significa ver a morte, mas deixar o tempo e adentrar a eternidade. Significa estar “mais perto de Deus”. Por isso morrer é lucro! Paulo diz que desejava partir “e estar com Cristo, o que é muito melhor!” (Fp.1:23). Muito melhor do que qualquer prazer que este mundo possa nos oferecer. Muito melhor do que a companhia de nossos entes queridos. Muito melhor do que as riquezas daqui. É simplesmente incomparável. Não creio que haja algum “estado intermediário” entre a morte e a glória eterna. Assim como não creio em purgatório. Creio sim, que deixamos o tempo e somos remetidos diretamente à eternidade, sem escalas, sem espera. O Dia do Senhor, o Juízo Final, nosso encontro com Ele nos ares, tudo isso se dará num piscar de olhos. Fechamos os olhos aqui, ao reabri-lo nos vemos diante do Senhor da Glória. Aleluia! Não haverá gozo maior que esse. Cara a cara com a razão de nossa existência!

Isso não significa que devamos desejar a morte. Não somos suicidas. O que nos prende a esta vida não é mais o medo da morte, mas o amor àqueles que nos foram confiados. Paulo explica que mesmo acreditando que morrer seria lucro, ele julgava mais necessário permanecer aqui por amor dos irmãos, tendo em vista o progresso e gozo de sua fé (Fp.1:24-25). Portanto, não se trata de apego a esta vida, mas de zelo por cumprir o propósito de nossas existências terrenas, que gira em torno do bem-estar dos que foram postos sob nossos cuidados.

Ninguém deixará esta vida enquanto o propósito de Deus para a sua existência não se cumprir. Nossos dias estão previamente ordenados (Sl.139). E quando chegar a hora, Deus encherá de paz o nosso coração e consolará àqueles que deixarmos. 

Enquanto não chega nossa hora, vivamos por aquilo pelo qual estejamos dispostos a morrer. Não nos poupemos, mas deixemo-nos gastar por amor aos que nos foram dados. Afinal, é por eles, e unicamente por eles, que ainda estamos aqui.

Texto de H. C Fernandes

O Banquinho!

Existe um banquinho que ilustra bem como funciona um relacionamento.

Ele têm três pernas que o sustentam, e o nome delas é:

1. Amizade

2. Romance

3. Espírito


Este banquinho dificilmente ficará de pé por muito tempo se uma destas pernas estiver menor que a outra.

1. Amizade
Você pode ser muito espiritual e romântico, você sempre ora com ela e dá presentes bonitos. Mas vocês mal conversam, mal têm intimidade para falar besteiras e se divertirem com nada muito especial. A amizade entre um homem e uma mulher que se amam é fundamental para sustentar o relacionamento.
A paixão idealista gera frustrações, mas “o amigo ama em todo o tempo.” (Provérbios 17:17)
Para os solteiros: busque alguém que você se sinta à vontade e possa ser você mesmo.
Para os comprometidos: invista na amizade, seja sincero e genuíno, porque vale mais a pena amar uma amiga do que idealizar uma paixão.

2. Romance
Você pode ter uma grande amiga do teu lado, que ora contigo, mas que poucas vezes vocês têm momentos em que sentem uma química especial, como se aquela pessoa fosse a mais especial no mundo inteiro. Deus criou o mundo tão belo, com tantos detalhes e presentes para que nós o amássemos. Da mesma forma, o romance é fundamental para que haja um relacionamento entre o homem e a mulher.
“O meu amado pôs a sua mão pela fresta da porta, e as minhas entranhas estremeceram por amor dele.” (Cânticos 5:4)
Para os solteiros: busque alguém que você sinta algo genuíno e especial, e não tenha um relacionamento por carência, conveniência, ou pressão dos outros.
Para os comprometidos: invista em fazer sua companheira feliz, pois isto te fará feliz.

3. Espírito
Somos feitos de corpo, alma e espírito. Você pode amar sua mulher com uma paixão que parece eterna, e ela pode ser a melhor companhia que você já teve em toda sua vida. Mas se vocês não desenvolverem um relacionamento espiritual, há grandes chances de tudo dar errado um dia, sem explicações.
“Um homem sozinho pode ser vencido, mas dois conseguem defender-se. Um cordão de três dobras não se rompe com facilidade.” (Ecl. 4:12)
Para todos: se Deus for o centro do seu relacionamento, Ele sustentará o amor, pois Deus é amor. Busque sempre direcionar seu relacionamento para Deus, porque assim ele se firmará no amor mais puro e sincero que existe, e não será rompido com as tempestades da vida.

Dessa ninguém escapa, nem você!

Frutos! Muito tem sido dito acerca disso. Temos que dar frutos, vociferam os pregadores  em seus cultos dominicais. Uns confundem os frutos com almas ganhas para Cristo. Outros confundem com ofertas tragas no gazofilácio. Do que se trata, afinal, tais frutos?

O fruto é o que se espera de uma árvore. Cada árvore deve produzir de acordo com sua espécie. Portanto, seus frutos denunciarão qual é sua verdadeira natureza. Jesus deixou isso muito claro: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Do mesmo modo, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus. Não se pode a árvore boa produzir maus frutos, nem a árvore má produzir frutos bons” (Mt.7:15-18).
 
Em outras palavras, não se deixe enganar pela aparência, pela voz suave, pelo jeito cativante. Verifique os frutos, não apenas a curto prazo, mas também a médio e longo prazo. Jesus também alerta sobre isso: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi, e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça (Jo.15:16a).
 
Portanto, não importa apenas a quantidade de frutos, mas também sua qualidade. Se o fruto dado não resiste ao tempo, é sinal de que há algo errado com a árvore.

Éramos todos ramos de uma árvore chamada Adão. Tudo o que produzíamos já vinha bichado, apodrecido pelo pecado. Paulo levanta a questão: “E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? pois o fim delas é a morte” (Rm.6:21). A seiva de que nos nutríamos estava comprometida. Mas Deus nos removeu dessa árvore e nos enxertou numa nova árvore, a saber, Jesus Cristo, a Videira Verdadeira. Esta o operação de remoção e enxerto pode ser chamada de “arrependimento”.

O que Deus espera de nós, agora? Que produzamos “frutos dignos de arrependimento” (Mt.3:8). Tais frutos apontam para o conjunto de nossa vida, e não apenas para as ofertas ou pessoas que trazemos à igreja. A maneira como tratamos nosso cônjuge, nossos filhos, colegas de trabalho, e até com os nossos inimigos, como lidamos com a possessão de bens materiais, como reagimos a uma crise, etc. Enfim, nosso comportamento vai revelar de que árvore somos ramos e de que seiva temos nos alimentado.

O apóstolo Paulo chama este conjunto de “o fruto do Espírito”. Em vez de usar a palavra grega  γέννημα (gennēma), traduzido geralmente como “ frutos” (plural), ele usa καρπός (karpos), que geralmente é traduzida como “fruto” (singular). O que ele tem em mente é um cacho de uvas (lembre-se que Cristo se apresenta como a Videira). Cada uva é uma gennēma, mas o cacho inteiro é um karpos. Você nunca vai encontrar um cacho de uvas com espaços vagos. Da mesma maneira, quando somos partícipes da Videira Verdadeira, Sua seiva que é o Espírito Santo produz em nós o fruto completo: “Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl.5:22-23).

Há uma lista parecida oferecida por Pedro (2 Pe.1:5-7), onde ele termina dizendo: “Pois se em vós houver estas coisas em abundância, não vos deixarão ociosos nem infrutíferos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (v.8).

Aquele que estando n’Ele não dá o fruto esperado, recebe d’Ele o trato necessário. Segundo Jesus, quem não dá fruto é cortado, pois ocupa inutilmente o espaço (Mt.21:43), enquanto quem produz é podado pra que produza ainda mais. 

Ninguém fica imune à tesoura do podador (Jo.15:2). O que demonstra que Deus Se importa tanto com a qualidade de nossos frutos, quanto com a quantidade de nossa produção.


Por Hermes C. Fernandes

Por uma fé engajada entre os jovens

















Não vemos mais aquele brilho nos olhos de nossa juventude, nem a consciência da realidade, vitalidade e luta que marcou toda uma geração na década de 80, por exemplo, a chamada “geração perdida”. Uma geração que foi às ruas, brigando por um Brasil mais justo e igualitário, por uma universidade melhor, mais aberta e inclusiva. E fico me perguntando, se aquela geração – que ainda tinha motivação para brigar por seus direitos e que acreditava em mudanças – pôde ser considerada “perdida”, o que se pode dizer desta, que, em geral, tem se demonstrado sem esperança, alienada, marcada pelo individualismo e o espírito de incerteza de nosso tempo?

Outra pergunta que podemos nos fazer é: até que ponto nossa juventude evangélica também não tem imergido nessa maré pós-moderna de hedonismo, consumismo, “lipoaspiração” e desconexão com a história? Será que não temos sido tão propagadores dessa “desplugação” geral quanto aos valores de comprometimento e solidariedade para com o outro, ao adotarmos indiscriminadamente a novas formas de religiosidade do eu que por aí se tem difundido? Parece-me que uma resposta contundente está nas palavras de Marcelo Gualberto:

Os jovens evangélicos de hoje nasceram e cresceram sob um tipo de ‘ditadura musical’ não institucional que praticamente excluiu da agenda e da liturgia a Palavra, estabelecendo infindáveis “períodos de louvor” – não raro, liderados por pessoas absolutamente despreparadas ou não vocacionadas. O microfone passou das mãos dos pregadores para as mãos dos músicos e cantores. Estes, por sua vez, incentivaram a juventude a mandar ‘beijinhos pra Jesus’, ‘orar de madrugada porque a fila é menor’, ‘sentar no colo do Pai e puxar sua barba’, ‘ter um romance com Deus’, ‘correr na casa do Pai’ e desenvolver uma espiritualidade utilitarista, pela qual o servo passa a ser o senhor que determina e “toma posse” da benção, que considera uma obrigação divina.

Gualberto ainda oferece algumas pistas sobre que jovem surgiu na igreja evangélica como fruto desse tipo de espiritualidade. Três características são apontadas:

1) Juventude religiosa no discurso, mas incrédula na prática. Nossas igrejas estão cheias de jovens cujo discurso não combina com a prática (isso quando tem discurso). É crescente o número de jovens, mas também é crescente o número dos que engrossam a fila dos “sem-religião”.

2) Juventude conectada, mas imatura. É uma juventude conectada com as transformações no famigerado mundo gospel, porém imatura espiritualmente por falta de interesse no estudo sistemático da Palavra. É bem-informada, mas com uma pobre formação teológica.

3) Juventude sarada e talentosa, mas cansada e indisponível. Embora faça parte dessa geração saúde, fitness, que adora corpos bem-cuidados, está cansada por inúmeros compromissos, e por isso mais propensa à busca por um evangelho Light, e a viver apenas o cosmético da fé.

É difícil,
mas temos de confessar e lamentar que nossos sonhos como igreja hoje não ultrapassam mais os devaneios de consumo da sociedade pós-industrial e selvaticamente capitalista em que vivemos. Que nossos anseios por mudança não passem mais por propostas fecundas de reforma social e política, através do engajamento nas estruturas sócio-políticas e nos movimentos de base. Que a razão de ser de nossa criatividade e mente cristãs seja a de gerar e gerir estratégias de acomodação dos crentes e de crescimento da igreja (Robinson Cavalcanti diria “inchação”). Que nosso estilo de vida, que supostamente deveria ser semelhante ao do Mestre, seja tão fechado em si mesmo, restringindo-se ao medíocre “triângulo da felicidade”: casa-igreja-trabalho.

Bases bíblico-teológicas para o engajamento e a ação profética

“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresentei o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. (Rm 12.1-2)

São Gregório, o Grande, já diria: “É melhor arriscar-se a provocar um escândalo do que calar a verdade”. Hoje, temos feito o inverso: calado a verdade para que o escândalo seja o menor possível, e o esvaziamento de nossas igrejas seja uma possibilidade remota. Endossamos definitivamente a religião do self. É um evangelho às avessas. Importa que o(a) crente saia da igreja feliz, de bem com a vida, satisfeito e quase que flutuando em “espiritualidade”, mesmo que isso não produza uma base sólida para que ele(a) possa enfrentar os dilemas e adversidades do dia-a-dia com o discernimento e a lucidez do Espírito. Não. O que acontece é que os problemas se acumulam e permanecem lá, na família, no trabalho, na vida cotidiana, e será preciso mais uma dose de culto, de louvor, de êxtase na veia do crente pra que ele possa suportar as pressões externas contra as quais não tem sido educado na igreja a resistir com a força e sabedoria do alto, mas com a droga dos “cultões” e “louvorzões”, da qual tanto prezamos e dependemos.

É uma igreja que perdeu o foco da missão e transformação do ser humano todo por meio da vivência e proclamação do evangelho em sua integralidade. Os cristãos reunidos em Lausanne fizeram a seguinte confidência: Confessamos, envergonhados, que muitas vezes negamos o nosso chamado e falhamos em nossa missão, em razão de nos termos conformado ao mundo ou por nos termos isolado demasiadamente. Qual é o impacto e atualidade dessa afirmação para a igreja evangélica hoje? Será que temos sido menos conformados com este século que nossos irmãos admitiram estar sendo em 74? O que, afinal, caracteriza essa conformação com o mundo?

Agir em conformidade com o mundo é assumir a sua forma. Uma igreja que se conforma é aquela que absorve ou é absorvida pelo estilo de vida preconizado pelo mundo e pelos seus sistemas. É aquela que se curva aos seus ditames, cooperando para a propagação dos imperativos que têm impregnado as mentes de homens e mulheres no século XXI, tais como o consumismo e o individualismo. Conformismo, segundo Cavalcanti, “é um ajuste às estruturas existentes de forma acrítica, passiva, preguiçosa, abúlica”. Por outro lado, poderíamos falar de uma igreja que rejeite esse ajuste, por se afastar demasiadamente dos “valores mundanos”. Mas não deixa de ser conformada, à medida que se compromete mais com a manutenção de suas estruturas e, conseqüentemente, não abre espaço para a solidariedade, alteridade e transformação tanto no pensar como no agir.

Uma igreja conformada é, no linguajar de Robinson Cavalcanti, uma comunidade do reino que “perdeu o reino”. A igreja é o “novo Israel” que substitui o velho Israel. Falhará a igreja em antecipar os sinais do reino que já veio a partir de Cristo? Terá razão um certo pensador quando diz que o reino poderá vir “por meio da igreja, sem ela ou, até, contra ela?”. Só Deus sabe.

O fato é que, em sua Palavra, ele nos insta a que sejamos inconformados com o presente século. Quem são as pessoas inconformadas? De acordo com Cavalcanti, “inconformados são aqueles que se recusam a tomar a forma, que emburram diante das formas, sua forma é outra; elas são inconformadas, negam-se a tomar a forma”. Um dos desafios de uma igreja engajada e militante é o inconformismo. É também uma das maneiras de atestação de que o reino “já” veio, como outra vez diz Cavalcanti:

O reino é ainda atestado pela nossa inconformação, nossa rejeição e atitude crítica em relação ao estado de coisas contrário ao modelo de Deus: o anti-reino das trevas e nossa transformação, de nós próprios e de nossos relacionamentos, pela renovação de nossa mente, que sintoniza a mente de Cristo e agora consegue ver além da mera letra.

Continua...

Escrito por Jonathan Menezes com título original "Missão integral, desafios a uma fé engajada na igreja" (Via Emeurgência)

Nosso making of existencial!

 Por Hermes C. Fernandes

Às vezes penso que ao adentrarmos a eternidade, teremos acesso aos nossos arquivos existenciais. Poderemos até assistir in loco a cada episódio de nossa jornada, porém, sem poder interferir em nada. Acho que há lições preciosas que nos foram ministradas durantes tais episódios, que não foram apreendidas completamente. Teremos que fazer uma espécie de revisão. Talvez tenhamos aprendido apenas o superficial, conquanto haja camadas mais profundas que careçam de ser investigadas. 

Também acredito que aferiremos o alcance e a repercussão que nossas obras tiveram, bem como tomaremos conhecimento de vidas que foram afetadas direta ou indiretamente por elas. Não ouso dogmatizar sobre isso. Trata-se apenas daquilo que chamo de “ficção teológica”.

Porém, há passagens bíblicas que parecem indicar tal possibilidade. Apocalipse diz que bem-aventurados são os que agora dormem no Senhor, pois suas obras os acompanharão. Portanto, em nossa viagem rumo à glória final, carregamos uma bagagem existencial. A cada escala desta viagem, acrescentamos novos ítens à nossa bagagem. Quando lá chegarmos, abriremos a mala e verificaremos ítem por ítem. Roupas amarrotadas terão que ser passadas e colocadas no cabide. O que estiver no fundo da mala, e que já até houvermos esquecido, será trago à tona, porém, já não nos trará qualquer tristeza, porque nos será revelado o propósito por trás dos fatos.

Comparando a um filme: a hora de partirmos deste mundo, será o momento em que a fita será rebobinada. Na glória poderemos assisti-la, sem cortes, sem censura, sem edições posteriores, versão do supremo Diretor. Assistiremos, por assim dizer, ao making of de nossa vida terrena. Descobriremos, entre outras coisas, quantas vezes recebemos livramentos, sem que houvéssemos dado conta deles. Saberemos, finalmente, onde, quando e como todas as coisas cooperaram em conjunto para o nosso bem, e para a glória d’Aquele que nos amou.

Assim como atualmente, muitos filmes estão sendo relançados numa versão 3D, veremos nossa vida numa versão amplificada, envolvendo todas as dimensões da existência, bem como suas interações e implicações.

Não creio que nos esqueceremos dos fatos em si, mas das dores que eles provocaram. Deus não precisa queimar arquivos, simplesmente, porque hão há o que esconder. Tudo, finalmente, fará sentido.

Você já sentiu saudade do Futuro?

“Também temos saudade do que não existiu, e dói bastante” (Carlos Drummond de Andrade).

“Saudade”. Sem dúvida uma das mais belas palavras de nossa língua. Uma das únicas que não podem ser traduzidas pra nenhum outro idioma.

Embora só exista o vocábulo “saudade” em português, este sentimento é comum a todos os povos e culturas. Temos saudade do que passou, de pessoas que se foram, de experiências que vivemos, e até daquilo que fomos um dia.

Mas a pior das saudades é a saudade do futuro.
Como é possível sentir saudade do que ainda não vivemos? Que sentimento é esse?

Imaginemos uma mulher grávida, que subitamente aborta o filho. Mesmo sem nunca tê-lo embalado em seu colo, nem tê-lo visto, o que ela sente é saudade. Não é saudade da barriga preponderante, mas de um futuro que jamais se concretizará. Saudade de toda expectativa investida. Saudade de um choro de criança que ela jamais ouvirá.

É uma sensação estranha, porém, real. Cada momento que vivemos está grávido do futuro.
O futuro é fruto do casamento entre a eternidade e o agora.

Às vezes temos a sensação de que o futuro foi abortado. É esta sensação que produz em nós um tipo de saudade do futuro.

O sábio Salomão diz que Deus “pôs a eternidade no coração dos homens” (Ec.3:11). Em outras palavras, Deus fecundou nossa alma com a semente da eternidade.

Nosso corpo está sujeito ao tempo, mas nossa alma nos conecta diretamente à eternidade. E é por isso que Paulo declarou: “Por isso não desfalecemos. Ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia” (2 Co.4:16).

Se a fé nos conecta à eternidade, a esperança nos conecta ao futuro.

Há situações que enfrentamos em nosso dia a dia que parecem destruir nossa esperança. Aos poucos, a esperança vai cedendo lugar ao desespero. E quando isso acontece, não é apenas o corpo que se consome, mas também o homem interior.

Jó experimentou isso na pele e na alma:

“O meu espírito vai-se consumindo, os meus dias vão-se apagando, e só tenho perante mim a sepultura”. Jó 17:1

Isso me lembra uma cena do filme “De volta para o futuro”, em que o protagonista volta ao passado, e percebe que uma foto que ele trouxera do futuro está se apagando, pelo fato de seu passado estar sendo alterado, e seu futuro comprometido.

Não há como retornar ao passado para alterar o presente ou o futuro. Mas podemos viver o presente comprometidos com o futuro.

Quando vivemos sem qualquer perspectiva, nosso espírito vai se consumindo, quando a vontade de Deus é que ele se renove dia após dia. É nosso homem exterior que se corrompe com o tempo. Nosso espírito tem que ser constantemente renovado. A esperança é a fonte da juventude, onde nosso espírito deve mergulhar para manter-se sempre jovem e disposto.

Se nosso espírito for consumido pela falta de perspectiva, nossos dias desbotarão, e a vida perderá sua cor. Então, só nos restará uma possibilidade: a sepultura.

Nossos dias se apagam, quando nosso futuro se desvanece. Quando já não temos expectativas, nem esperança.

Era assim que Jó se sentia.

“Os meus dias passaram, malograram-se os meus propósitos, e as aspirações do meu coração (...). Se a única casa pela qual espero for a sepultura, se nas trevas estender a minha cama, se à corrupção clamar: Tu és meu pai; e aos vermes: Vós sois minha mãe e minha irmã, onde estará então a minha esperança? Sim, a minha esperança, quem a poderá ver?” Jó 17:11,13-15

Lembremo-nos que a fé que nos conecta à eternidade. Mas é a esperança que nos impulsiona para o futuro. Quando a esperança se esvai, temos que recorrer à fé.

Paulo diz que não devemos atentar “nas coisas que se vêem, mas nas que não se vêem. Pois as que se vêem são temporais, e as que não se vêem são eternas (...). Andamos por fé, e não por vista” (2 Co. 4:18; 5:7).

O futuro não pode ser abortado, mas a esperança sim. E se ela tem sido sabotada pelas circunstâncias adversas, somente a fé poderá restaurá-la.

Foi o que aconteceu a Abraão, que “em esperança, creu contra a esperança, que seria feito pai de muitas nações (...). E não enfraqueceu na fé, nem atentou para o seu próprio corpo amortecido” (Rm.4:18a,19a).

Soa estranho para nós alguém crer contra a esperança. Mas o fato é que a fé deve ter primazia sobre a esperança. Ela nos faz acessar a eternidade, onde o futuro já é presente, um presente que ainda não foi desembrulhado.

Na definição do autor sagrado, “a fé é a certeza das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem” (Hb.11:1).

Nossa fé deve estar voltada para Aquele que “chama a existência as coisas que não são, como se já fossem” (Rm.4:17).

O que ainda será na perspectiva do tempo, já o é na eternidade.

Crer contra a esperança, é, ao mesmo tempo, crer aliado à esperança. É transcender o tempo e o espaço, e vislumbrar a eternidade.

Geração que marca!



 Para sermos a juventude que sonhamos ser, e que Deus espera que sejamos, pagaremos o preço disso. Não por obrigação; mas, por louvor a Deus. Abaixo estão alguns esforços que teremos que fazer. É verdade que alguns desistirão; contudo, iremos tentar.

Pagaremos o preço: Estaremos antenados. Seremos a juventude que desfruta de toda a tecnologia e avanços; mas, nunca esqueceremos dos caminhos eternos. Buscaremos compreender todas as mudanças; mas, buscaremos firmar o nosso elo de compromisso com Deus. Usaremos tudo o que temos a nossa disposição; mas, nunca desprezaremos as virtudes eternas e os princípios cristãos que hão de governar nossas vidas. Dialogaremos com asmudanças da pós-modernidade; porém, não perderemos o nosso foco primeiro: agradar a Deus e manter Jesus como alvo. Abriremos mão do tradicionalismo humano; mas, nunca seremos infiéis as Escrituras. Respeitaremos as idéias contrárias e buscaremos o ponto de convergência com os mais experientes na fé. Queremos ser uma juventude equilibrada: antenada com as novidades; contudo, com muita fé no Salvador. Ficaremos ligados para não perdermos ninguém nessa longa caminhada. Valorizaremos a todos, independente de qualquer coisa. Nosso princípio sempre será que uma alma vale mais do que qualquer coisa desse mundo.

Pagaremos o preço: Estudaremos a Palavra. Nos fadigaremos nela. Encontraremos e buscaremos nela toda a verdade que precisamos para viver uma vida cristã autêntica. As verdades não virão barateadas e sem esforços, e nem será fácil aplicá-las. Nela encontraremos as respostas que necessitamos na juventude. Precisaremos nos esforçar, labutar, disciplinar, força, vontade e paixão pelo ensino das Escrituras. Muitos zombarão de você, pela sua crença e fidelidade; mas, não ligue, continue, prossiga. Muitos dirão que o estudo da palavra é perda de tempo, que você e eu poderíamos investir esse tempo em outras coisas (melhores), mas continuaremos estudando; pois, nela encontraremos os caminhos eternos.
Pagaremos o preço: Seremos uma juventude de oração. Oração sincera, com toda transparência ao colocarmos nossos maiores dilemas diante de Deus. Oração regada a lágrimas. Oração de gratidão pela misericórdia sobre nós; oração de petição pelas nossas dificuldades cotidianas; oração de confissão de pecados, pelas falhas cometidas. Enquanto a juventude se rende aos “deuses” seculares, às paixões profanas, nós inclinaremos nossas cabeças e buscaremos a presença de Deus em todas as situações. Ele sempre terá uma resposta (positiva ou não) às nossas aflições, angústias e temores. Pagaremos o preço do silêncio, quietude, das lágrimas, e do clamor.

Pagaremos o preço: Seremos uma juventude que perdoa. O perdão será um dos preços mais altos a serem pagos; mas nos esforçaremos para conseguir. Nosso alvo será a mutualidade do perdão. Buscaremos em Deus ser uma geração que perdoa uns aos outros. Os jovens e adolescentes erram, e erram muito. Estamos em construção, em busca da perfeição (alvo supremo), e nesse processo vacilaremos, escorregaremos, e precisaremos do perdão dos nossos irmãos. Precisaremos recorrer ao perdão de Deus e dos nossos irmãos (ãs) e reconhecermos que somos carentes da graça redentora de Deus.

Talvez precisaremos dizer: “está perdoado, vou caminhar contigo a segunda milha” e, “está perdoado, aqui está a segunda face”.

Pagaremos o preço: Valorizaremos a igreja. Buscaremos priorizar o trabalho da juventude. Teremos em mente que poderíamos estar em qualquer outra lugar, fazendo as mais diversas coisas que a juventude faz; mas, nós valorizaremos a igreja e lutaremos para que a obra do Senhor cresça através de nossas reuniões. Nossos encontros na igreja: serão para afunilarmos nossos relacionamentos; para aprendermos mais da Palavra de Deus, para termos comunhão com a galera; para estarmos antenados nos sonhos de Deus para nossa juventude e planos; para orarmos juntos e levarmos os fardos uns dos outros. A igreja será o nosso point de encontro; pois, mesmo sendo jovens (e/ ou adolescentes) buscaremos ter a consciência de que o que plantamos aqui repercutirá na eternidade. Não valorizaremos somente a placa denominacional; contudo, o Reino de Deus que é maior que tudo. Entenderemos que uma juventude bem vivida na presença de Deus, nos ajudará sermos bons servos dEle na vida adulta. Nosso local de encontro será a igreja. Até os pássaros encontram refúgio na casa de Deus e nós precisamos dEle como nosso refúgio, escudo e fortaleza. A igreja deverá ser para nós, mais do que um local será onde carregaremos nossas baterias para o cotidiano difícil.

Pagaremos o preço: Buscaremos conteúdo. Não queremos ser uma geração que faz barulho e incomoda os mais experientes da igreja. Buscaremos ser uma juventude que descartará a superficialidade espiritual. Mergulharemos de cabeça na vida espiritual (piedade). Priorizaremos a oração, os estudos, a comunhão, da mesma forma que gastamos tempo navegando na Internet ou assistindo TV. Não daremos atenção para os preconceituosos quando eles disserem que só queremos “oba-oba”. Mostraremos que estamos à procura de um relacionamento sério com Deus. Um compromisso e não somente um louvorzão.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

SOZINHOS, VAMOS MAIS RÁPIDOS. JUNTOS, VAMOS MAIS LONGE.